Obra-prima de Nolan, 'Oppenheimer' recebe Oscar de Melhor Filme
A história da pessoa mais importante que já existiu, nas palavras do diretor, "Oppenheimer" conquistou o Oscar de Melhor Filme neste domingo (11), completando sua inabalável jornada rumo ao prêmio mais importante de Hollywood.
A obra-prima de Christopher Nolan, sucesso de bilheteria, conta a história do brilhante físico que criou a bomba atômica, mudando o mundo para sempre.
"Acho que todos nós que fazemos filmes sabemos que sonhamos com esse momento", disse durante o agradecimento a produtora do filme, Emma Thomas, esposa do diretor.
"Eu tenho sonhado com este momento por muito tempo, mas parecia tão improvável que acontecesse. E agora que estou aqui, tudo saiu da minha cabeça", acrescentou ela.
Com um orçamento de US$ 100 milhões (R$ 497,4 milhões), "Oppenheimer" não economizou despesas e quebrou a recente tendência dos filmes independentes ganharem o mais cobiçado prêmio da Academia.
O filme conta com um elenco de elite de Hollywood, uma réplica de Los Alamos, construída secretamente em uma área do Novo México, e uma enorme quantidade de explosivos para recriar o teste da primeira bomba nuclear.
O resultado foi fascinante, tanto para o público quanto para a crítica.
Lançado em julho, "Oppenheimer" logo atraiu críticas positivas e superou as expectativas de bilheteria.
Com cerca de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) arrecadados mundialmente, a obra ganhou sete prêmios da Academia na cerimônia deste domingo.
- "Sonho e pesadelo" -
A mente por trás dos sucessos de bilheteria "A Origem" e "Batman: O Cavaleiro das Trevas" acabava de finalizar "Tenet" quando se deparou com "Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano", obra biográfica de J. Robert Oppenheimer, de 2005, vencedora do Puliter.
O cineasta sentiu-se imediatamente inspirado a levar a história de genialidade ambiciosa e tragédia arrogante, de "sonho e pesadelo", às grandes telas.
Oppenheimer, que ganhou notoriedade mundial como "o pai da bomba", não demorou a lamentar amargamente as consequências de sua invenção. Ele saiu em defesa do desarmamento nuclear e teve sua reputação destruída por simpatizar com o comunismo no passado.
"Sua história não oferece respostas fáceis. Mas oferece alguns dos paradoxos mais fascinantes e interessantes que já encontrei", disse Nolan sobre o físico.
Embora o diretor seja frequentemente associado a gêneros como ficção científica, ele decidiu estruturar "Oppenheimer" seguindo outros três padrões cinematográficos: jornada de um herói, filme de assalto e drama judicial.
O cientista embarca em uma corrida contra os nazistas para construir a bomba, reúne uma equipe de especialistas para concluir o trabalho e é obrigado a se defender em um tribunal.
O ator Cillian Murphy, que trabalhou em cinco produções anteriores de Nolan, recebeu o papel principal, enquanto Robert Downey Jr. interpretou seu amargo rival, Lewis Strauss. Ambos foram premiados neste domingo.
O elenco de estrelas incluiu Matt Damon, Emily Blunt, Florence Pugh, Kenneth Branagh, Gary Oldman e Rami Malek.
"Era como 'Uma Batalha no Inferno' ou 'Ben-Hur', um daqueles filmes em que cada pessoa é alguém que você admira", cita o ator Matthew Modine em um livro lançado junto com o filme.
- "Barbenheimer" -
A bilheteria do filme foi beneficiada pelo fenômeno viral "Barbenheimer", que levou milhões de espectadores aos cinemas para uma sessão dupla com "Barbie", uma história completamente oposta.
Por coincidência, ambas as produções de estúdios rivais foram lançadas no mesmo dia - e nenhuma ficou para trás.
Poucas pessoas poderiam antecipar a enorme popularidade de um filme longo e sobre um tema tão pesado, filmado parcialmente em preto e branco e estruturado em torno da ciência e audiências governamentais.
Analisando "qual será o tamanho da bilheteria de um filme de três horas e meia sobre um cara chamado Oppenheimer que inventou a bomba atômica, você não pensa 'será perto de 1 bilhão de dólares'", comentou o produtor Charles Roven à AFP.
O filme foi o primeiro de Nolan nas últimas duas décadas que não foi lançado pela Warner Bros, devido a desavenças sobre a estreia de filmes no serviço de "streaming" durante a pandemia. Após o desentendimento, ele se juntou ao rival Universal.
"Oppenheimer" também foi impactado no ano passado pelas greves de Hollywood.
Em solidariedade aos colegas, o elenco abandonou o lançamento de Londres quando a paralisação começou.
Desde então, o filme conquistou os principais prêmios da temporada, desde os Globos de Ouro até os prêmios do Sindicato de Atores. O Oscar de Melhor Filme foi o último e mais importante reconhecimento.
F. Schulze--BTZ