Os destaques da CES: cabeças falantes, táxis aéreos e pets vigiados
Um amigo artificial disponível 24 horas por dia, levantar voo em pleno engarrafamento ou se livrar dos pássaros mortos deixados por seu gato: aos inventores que participam da feira de tecnologia CES não falta imaginação.
Estes são os maiores destaques da Consumer Electronics Show (CES), a maior vitrine mundial de eletrônicos de consumo, realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, nesta sexta-feira (12):
- “Apoio sem preconceitos” -
“Sou projetado para ser uma presença de apoio sem preconceitos em sua vida”, disse Wehead, uma espécie de criatura digital formada por um conjunto de telas montado sobre uma cabeça robótica, que mostra um rosto humano e utiliza inteligência artificial (IA).
A startup americana de mesmo nome desenvolveu este curioso objeto que pode ser colocado na mesa como um peso de papel ou uma pequena escultura e conversar de forma similar a um humano.
“Às vezes você só precisa de alguém com quem falar e criar suas próprias soluções”, afirmou o fundador da Wehead, Ilya Sedoshkin. “Poderia fazer isso com o ChatGPT, mas não terá essa sensação natural de que alguém está te escutando”.
O dispositivo funciona com o ChatGPT, tem acesso à internet e mais memória que o famoso chatbot da OpenAI, que gera texto, sons e imagens a partir de uma simples consulta em linguagem cotidiana.
“Se você falar hoje do que vai fazer na CES, dentro de uma semana, ele vai te perguntar: como foi a CES?”, contou Sedoshkin.
Entusiastas podem adotar uma cabeça falante com uma assinatura de 200 dólares por mês.
“Pareceu real? Não”, declarou Alan Pierce, um professor aposentado que participava da feira e classificou o Wehead como uma “cabeça falante” engenhosamente projetada.
- Táxi aéreo -
Cruzamento entre helicóptero e avião, o veículo S-A2 de propulsão elétrica é proposto como o transporte ideal para cidades paralisadas por engarrafamentos.
Seu verdadeiro nome é eVTOL - sigla em inglês para veículo elétrico vertical de decolagem e pouso - e ele pode carregar um piloto e até quatro passageiros.
“É a mobilidade aérea urbana”, disse à AFP Jaiwon Shin, responsável pela Supernal, filial do grupo sul-coreano Hyundai. “O maior mercado é os Estados Unidos, cidades como Las Vegas ou Los Angeles.”
Uma viagem de uma hora de carro devido aos congestionamentos pode ser substituída por um voo de apenas 10 minutos, com saída dos chamados "vertipors", portos verticais espalhados pela cidade.
A ideia é que um voo em um desses aerotáxis seja mais barato que o de um helicóptero.
Após o pouso, um robô escaneia para comprovar a integridade do veículo, cujas hélices ficam em uma única e longa asa e giram para decolar e pousar.
Jaiwon espera lançar o S-A2 em 2028, mas os obstáculos de regulamentação são extensos.
“Isso nunca foi feito antes na aviação… É realmente uma revolução e a bateria é um desafio tecnológico”, observou.
- Sem surpresas indesejáveis -
Instalar uma comporta para que cães e gatos entrem e saiam livremente de casa também deixa o lar aberto à vida selvagem.
Para Martin Diamond, morador do desértico estado americano do Arizona, os visitantes indesejados podem ser coiotes, serpentes venenosas e guaxinins.
Pensando em evitar se deparar com um desses animais em sua sala de estar, Diamond inventou o Pawport, uma porta hermeticamente fechada que se abre com uma placa usada pelo pet.
O Pawport, que pode ser instalado em uma escotilha já existente, está disponível em vários tamanhos e acabamentos e é alimentado por uma bateria recarregável, um painel solar ou diretamente na rede elétrica. Será lançado em maio com preço a partir de 459 dólares (2.229 reais, na cotação atual).
Os gêmeos suíços Oliver e Denis Widler focaram em outras surpresas desagradáveis: os “presentes” - pássaros e roedores - que alguns gatos levam com orgulho para seus donos.
Com sua porta de acesso Flappie, que custará 350 dólares (1.700 reais), câmeras com IA vigiam e bloqueiam a entrada caso a boca do felino não esteja vazia.
A inteligência artificial também detecta cobras e peixes, segundo a empresa, com uma eficácia superior a 90%.
Além disso, a comporta só se abre para aqueles com um microchip. Ela pode ser conectada a um aplicativo para que os donos acompanhem com imagens as idas e vindas de seus bichos de estimação.
N. Lebedew--BTZ