EUA apresenta diretrizes para garantir eficiência do mercado de créditos de carbono
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja revelar, nesta terça-feira (28), "salvaguardas" destinadas a garantir que os mercados de crédito de compensação de carbono reduzam efetivamente as emissões de gases de efeito estufa, uma vitória significativa para os proponentes de planos controversos.
A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, anunciará as primeiras diretrizes gerais do governo destinadas aos mercados de carbono de "alta integridade", através das quais se pretende reforçar a confiança em um sistema que seus críticos classificam como "greenwashing".
Para fazer a transição para uma economia com baixas emissões de carbono, é preciso "utilizar todas as ferramentas à nossa disposição, de forma criativa, ponderada e em grande escala", é o que Yellen dirá em um evento com outros altos funcionários, incluindo o assessor climático da Casa Branca, John Podesta.
"Acredito que aproveitar o poder dos mercados e o capital privado é fundamental. Isto inclui esforços para desenvolver os mercados voluntários de carbono de alta integridade", sustenta o discurso previsto.
- Compensações polêmicas -
Os 'créditos de carbono' permitem que empresas e países compensem suas emissões destes gases poluentes, e cada crédito representa a redução ou eliminação de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2), comum em países em desenvolvimento através de projetos que combatem o desmatamento.
O mercado de compensação de carbono está atualmente avaliado em cerca de 2 bilhões de dólares (10,3 bilhões de reais na cotação atual), mas tem sido alvo de intensas críticas, depois que alguns estudos demonstrarem que as reivindicações de redução de emissões sob estes regimes são muitas vezes exageradas ou simplesmente inexistentes.
Yellen descreverá os princípios que reforçam a integridade do sistema em três áreas essenciais: créditos vinculados à redução ou eliminação genuína de emissões; responsabilidade corporativa que priorize a redução de emissões; e a garantia do funcionamento eficaz deste mercado através de maior transparência e menor complexidade dos mecanismos.
A divulgação das diretrizes indica que o governo americano apoia fortemente mecanismos controversos de financiamento climático.
- Crescimento ecológico -
Defensores dos mercados de carbono, incluindo o ex-enviado dos EUA para o clima John Kerry, argumentam que o financiamento governamental por si só é insuficiente para cumprir o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento do aquecimento global a 1,5ºC.
O presidente do Quênia, William Ruto, que visitou Washington na semana passada, saudou os sumidouros de carbono de África como uma "mina de ouro econômica sem paralelo" com potencial para gerar bilhões de dólares por ano.
O enviado especial da ONU para os objetivos e soluções climáticas, o magnata e ex-prefeito de Nova York (2002-2013), Michael Bloomberg, comemorou o anúncio.
"Isto ajudará a aumentar o investimento em projetos que reduzem as emissões e a que mais empresas cresçam ao mesmo tempo em que reduzem suas emissões de carbono", disse ele em comunicado conjunto ao enviado especial da ONU para a ação climática e finanças, Mark Carney, e a ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos Mary Schapiro.
C. Fournier--BTZ