Líder norte-coreano afirma que Rússia irá conseguir 'grande vitória'
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, afirmou nesta quarta-feira (13) a Vladimir Putin que Moscou irá conseguir "uma grande vitória" contra seus inimigos, durante uma visita rara à Rússia, com a qual busca fortalecer suas relações, principalmente militares.
Nenhuma informação foi divulgada sobre um possível acordo para a entrega de material militar norte-coreano à Rússia com o objetivo de apoiar a ofensiva de Moscou na Ucrânia, como os Estados Unidos mencionaram na véspera da reunião.
Depois da chegada de Kim à Rússia a bordo de seu trem blindado, os dois governantes trocaram um aperto de mãos e visitaram as instalações do cosmódromo de Vostochni, incluindo uma área de montagem de foguetes Angara russos de nova geração.
Eles participaram de discussões oficiais por duas horas com suas delegações e, em seguida, de conversaram de maneira reservada. Depois, compareceram a um jantar em homenagem ao líder norte-coreano.
"Estamos convencidos de que o exército russo e o povo russo conquistarão uma grande vitória na luta justa para punir os grupos malignos que buscam a hegemonia e a expansão", afirmou o líder norte-coreano diante do homólogo russo.
Ele também elogiou o "heroico" exército russo, envolvido na operação na Ucrânia há mais de um ano e meio.
Diante de Kim, Putin fez um brinde "ao futuro fortalecimento da cooperação" com Pyongyang, atrás de uma grande mesa, ao lado de autoridades russas e norte-coreanas. Putin anunciou que Kim Jong Un acompanhará uma demonstração da Marinha russa em Vladivostok e visitará fábricas de equipamentos aeronáuticos, "civis e militares", na região do extremo leste.
O presidente russo disse que vê "perspectivas" de cooperação militar com a Coreia do Norte, apesar das sanções internacionais contra Pyongyang, isolada devido aos seus programas nucleares e de mísseis. "A Rússia respeita todas essas restrições, mas há coisas sobre as quais, definitivamente, podemos falar e que estamos discutindo", declarou à TV estatal russa.
- Prioridade máxima -
Essa foi a primeira reunião entre os dois governantes desde a viagem de Kim Jong Un a Vladivostok em 2019. Washington teme que a reunião propicie a entrega de armas norte-coreanas a Moscou para as operações militares na Ucrânia.
Os Estados Unidos expressaram hoje preocupação com a colaboração militar entre Moscou e Pyongyang. “Obviamente, estamos preocupados com qualquer nova relação de Defesa entre a Coreia do Norte e a Rússia”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, cujo colega no Departamento de Estado, Matthew Miller, também mostrou-se preocupado com uma eventual cooperação no âmbito dos satélites, o que “representaria uma violação de várias resoluções da ONU”. Nesse caso, “não hesitaremos” em impor sanções contra Pyongyang e Moscou, advertiu.
Kim chamou hoje a reunião de "um trampolim" para fortalecer as relações entre os dois países, e ressaltou que fará dos laços com a Rússia "a prioridade máxima" da sua diplomacia. "Aproveito esta oportunidade para afirmar que sempre estaremos com a Rússia."
Os ministros da Defesa, Serguei Shoigu, e das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, participaram nas discussões, assim como o titular da pasta da Indústria, Denis Manturov.
Durante a visita de Kim à Rússia, a Coreia do Norte lançou um "míssil balístico não identificado em direção ao Mar do Leste", anunciou o Estado-Maior Conjunto em Seul, utilizando o nome coreano para o Mar do Japão. Tóquio citou os lançamentos de dois mísseis balísticos.
A escolha do cosmódromo para o encontro é simbólica. Nesta quarta-feira, Putin citou a possibilidade de a Rússia ajudar a Coreia do Norte a construir satélites, depois que Pyongyang fracassou em duas tentativas recentes de colocar um satélite espião militar em órbita.
"Por isso que viemos até aqui. O líder da Coreia do Norte mostra grande interesse na tecnologia de foguetes. Eles estão tentando desenvolver um programa espacial", disse Putin, segundo as agências de notícias russas.
C. Fournier--BTZ