
Trump denuncia 'caça às bruxas' após novas revelações sobre falha de segurança

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou uma "caça às bruxas" neste quarta-feira (26), em meio à crescente pressão, particularmente sobre o chefe do Pentágono, depois que a revista The Atlantic publicou detalhes da falha de segurança espetacular em um ataque no Iêmen.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, "está fazendo um grande trabalho. Ele não teve nada a ver com isso", declarou Trump na Casa Branca. É uma "caça às bruxas", disse.
O assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz, incluiu o redator-chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, por engano em um grupo de mensagens na plataforma Signal sobre os ataques americanos contra os huthis no Iêmen, e Hegseth forneceu detalhes muito específicos antes de eles acontecerem, no último dia 15.
O secretário de Defesa afirma que fez o seu trabalho ao fornecer "informações em tempo real" sobre o ataque.
"Pete Hegseth deve ser demitido imediatamente se não tiver coragem de reconhecer seu erro e renunciar", disse à rede de TV CNN o líder democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries.
- 'Alguém tem que cair' -
Algumas personalidades apreciadas pelo eleitorado trumpista também expressaram descontentamento.
O comentarista conservador Dave Portnoy pediu ao Executivo que assuma "sua responsabilidade". "Alguém tem que cair, e para mim é Mike Waltz", opinou, em vídeo publicado no X.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, também descreveu o ocorrido como "um grande erro".
O segundo artigo da revista, após o publicado na segunda-feira, inclui capturas de tela de mensagens do secretário de Defesa informando os horários dos ataques planejados, duas horas antes de eles acontecerem.
"Não havia detalhes, não havia nada ali que comprometesse [a operação] e não teve impacto no ataque, que foi um grande sucesso", afirmou Trump em uma entrevista ao apresentador de podcast Vince Coglianese, publicada nesta quarta-feira.
O vice-presidente JD Vance, que estava no grupo de mensagens, disse que a Atlantic supervalorizou a história.
"Sem localizações, sem fontes ou métodos. Sem planos de guerra", manifestou Waltz, que admitiu na segunda que havia criado o grupo de mensagens.
Hegseth, por sua vez, ironizou no X o ocorrido e disse que, por falta de pormenores, tratam-se de "planos de guerra realmente medíocres".
Mas a democrata Tammy Duckworth, membro do Comitê de Serviços Armados do Senado, o chamou de mentiroso: "Trata-se claramente de informações classificadas, que vazaram por negligência."
No primeiro artigo, o editor-chefe da Atlantic descreveu como foi adicionado por engano a um grupo de mensagens no aplicativo Signal em que os cargos mais altos do governo, incluindo os chefes do Pentágono e da CIA, conversavam sobre futuros ataques contra os huthis, aliados do Irã.
Na terça-feira, Donald Trump minimizou a importância desse vazamento espetacular, que ele descreveu como um simples "fracasso" de um jornalista "depravado".
A Casa Branca diz investigar como o vazamento pôde ter acontecido. Elon Musk, o homem mais rico do mundo e assessor próximo de Trump, propôs que seus "especialistas técnicos" o averiguem.
Em seu novo artigo, a revista informa que entrou em contato com funcionários do governo para perguntar se eles concordavam com a publicação de mensagens mais específicas do que as mencionadas no primeiro artigo.
A Casa Branca disse que não, segundo a Atlantic. A revista, no entanto, publicou a maior parte das mensagens, ocultando apenas o nome de um agente da CIA.
"12h15: F-18s decolam (primeiro grupo de ataque)", escreveu Hegseth no grupo.
"O alvo terrorista está em sua área conhecida", escreveu o secretário de Defesa, em estilo telegráfico, em 15 de março.
"14h10: Mais F-18s LANÇADOS (2º pacote de ataque)", escreve o chefe do Pentágono em um ponto. "14h15: Drones de ataque no alvo (É NESSE MOMENTO QUE AS PRIMEIRAS BOMBAS DEFINITIVAMENTE CAIRÃO)".
Pouco depois, Mike Waltz enviou informações em tempo real sobre as consequências de um ataque: "O prédio desabou. Tive várias identificações positivas" e "trabalho incrível".
Os huthis afirmaram que os ataques americanos mataram cerca de 50 pessoas e feriram uma centena.
A. Lefebvre--BTZ