Jornalista Cecilia Sala é libertada no Irã e retorna à Itália
A jornalista italiana Cecilia Sala, presa em 19 de dezembro no Irã por "violar as leis" da República Islâmica, foi libertada e retornou à Itália na tarde desta quarta-feira (8).
"Nossa compatriota foi libertada pelas autoridades iranianas", havia indicado o governo em um comunicado pela manhã.
O avião que trouxe Sala de volta aterrissou no meio da tarde em Roma, onde a jornalista foi recebida pela primeira-ministra Giorgia Meloni e pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
Seu companheiro, o também jornalista Daniele Raineri, publicou no site ilpost.it, para o qual trabalha, uma foto de Sala sorrido enquanto conversa com Meloni no aeroporto Ciampino.
A libertação é o resultado de um "intenso trabalho por meio de canais diplomáticos e de inteligência", disse o comunicado.
A primeira-ministra "Giorgia Meloni expressa sua gratidão a todos aqueles que contribuíram para tornar possível o retorno de Cecilia, permitindo que ela se reúna com sua família e colegas", acrescentou o comunicado.
A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) manifestou, por sua vez, seu "imenso alívio". "Agora, os 25 jornalistas que seguem em prisões iranianas também têm que ser libertados", acrescentou a organização em um breve comunicado.
Meloni recebeu a mãe da jornalista na sede do governo em 2 de janeiro e falou com o pai dela por telefone.
A repórter foi detida em Teerã durante uma estada profissional com um visto de jornalista. As autoridades do país nunca explicaram os motivos exatos da prisão.
Sala, de 29 anos, estava presa em uma cela na prisão Evin, em Teerã.
Ela trabalha para o Chora Media, um site que publica podcasts, e também para o jornal Il Foglio.
- Moeda de troca -
O ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, convocou o embaixador iraniano em 2 de janeiro, exigindo a "libertação imediata" da jornalista.
A Itália também exigiu "tratamento respeitoso, com dignidade humana" para a repórter, que, de acordo com a imprensa italiana, estava sendo mantida em confinamento solitário, forçada a dormir no chão e teve seus óculos retirados.
A jovem, que deveria retornar à Itália em 20 de dezembro, foi detida vários dias após as prisões, nos Estados Unidos e na Itália, de dois iranianos suspeitos de transferência de tecnologia sensível pela Justiça americana.
Mohammad Abedini, 38 anos, foi preso na Itália em dezembro a pedido das autoridades americanas. Mahdi Mohammad Sadeghi, 42 anos, com dupla nacionalidade, está sendo mantido nos Estados Unidos.
Eles foram indiciados pelo sistema judiciário dos EUA em 17 de dezembro sob a acusação de "exportar componentes eletrônicos sofisticados para o Irã", violando os regulamentos e as sanções dos EUA contra o Irã.
De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, esses componentes foram usados em um ataque de drone na Jordânia que matou três militares dos EUA em janeiro de 2024.
O Irã nega qualquer envolvimento e rejeita as alegações "sem fundamento".
Teerã disse na segunda-feira que não há "ligação" entre a prisão de Cecilia Sala e a de Mohammad Abedini.
O Irã, que detém uma série de cidadãos ocidentais e de dupla nacionalidade, é acusado de usá-los como moeda de troca.
K. Berger--BTZ