Países vizinhos resistem a plano de Trump para receberem migrantes deportados pelos EUA
O governo das Bahamas rejeitou uma proposta da equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para aceitar migrantes de outros países expulsos do território americano, informou o gabinete do primeiro-ministro, enquanto Panamá e Ilhas Turcas e Caicos manifestaram resistência a uma eventual oferta.
Segundo informações divulgadas pela rede americana NBC, além das Bahamas, o governo de Trump também planejava apresentar essa possibilidade a outros países da região, como Panamá, o território britânico ultramarino das Ilhas Turcas e Caicos, e Granada.
A administração liderada por Philip Davis disse ter recebido uma "proposta da equipe de transição de Trump para que as Bahamas aceitassem voos com migrantes de outros países deportados", de acordo com um comunicado do governo.
"Essa proposta foi apresentada ao Governo das Bahamas, mas o primeiro-ministro a analisou e a rejeitou firmemente", destacou. "Desde que o primeiro-ministro rejeitou essa proposta, não houve mais contatos ou conversas com a equipe de transição de Trump", acrescentou.
A equipe de trabalho de Trump não fez comentários sobre as declarações das Bahamas.
- Plano expandido -
Segundo a NBC, os assessores de Trump elaboraram uma lista de países aos quais pediriam que recebessem os migrantes deportados quando seus países de origem se recusassem a aceitá-los.
No entanto, no caso do Panamá, o governo assegura que não houve contatos sobre o assunto.
"Não recebemos nenhuma comunicação oficial nem extraoficial sobre essa proposta", informou o Ministério das Relações Exteriores.
"Além disso, à luz do Direito Internacional, não temos obrigação de receber deportados de outras nacionalidades que não sejam a panamenha", destacou.
Em 1º de julho, quando José Raúl Mulino assumiu a Presidência, o secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, assinou com o novo chanceler do país centro-americano, Javier Martínez-Acha, um acordo no qual Washington se comprometeu a "cobrir os custos" da repatriação de migrantes que cruzarem a selva de Darién para chegarem ao território americano.
O acordo faz parte do plano de Mulino de impedir a passagem de migrantes que tentam atravessar o Panamá em sua travessia da América do Sul rumo aos Estados Unidos. Desde então, centenas de migrantes foram deportados em voos charter, a maioria colombianos.
Já no caso das Ilhas Turcas e Caicos, as autoridades anteciparam que não aceitariam deportados dos Estados Unidos.
"As Ilhas Turcas e Caicos, como todas as nações, têm o direito soberano de determinar quem pode residir dentro de suas fronteiras", disse o Ministro da Imigração, Arlington Musgrove, nesta quinta-feira, ao jornal americano Miami Herald.
- Guerra contra a migração irregular -
Trump, que assumirá a Presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, reiterou sua intenção de realizar um grande programa de deportações de migrantes irregulares.
Durante a campanha para as eleições presidenciais de 5 de novembro, o republicano usou uma retórica violenta contra os migrantes, os quais culpou por uma suposta onda de criminalidade nos Estados Unidos.
O governo americano tem lutado durante anos para resguardar sua fronteira sul com o México. Trump apontou para as preocupações do eleitorado conservador ao afirmar que está em andamento uma "invasão" por parte de imigrantes que, segundo o republicano, estuprariam e matariam americanos.
O plano de deportação de Trump poderia significar o envio permanente de migrantes para países com os quais não possuem vínculos.
Não está claro se os migrantes seriam autorizados a trabalhar ou qual pressão Trump aplicaria para garantir que os países os aceitassem, destacou a NBC.
F. Burkhard--BTZ