Israel prossegue com operação na Cisjordânia que matou 10 palestinos
A maior operação militar israelense na Cisjordânia em vários anos, com centenas de soldados mobilizados, prossegue nesta terça-feira (4) em Jenin, depois de uma incursão que matou 10 palestinos na segunda-feira e obrigou milhares de pessoas a fugir de suas casas.
A operação, que acontece por determinação do governo mais conservador da história de Israel, utiliza veículos blindados, escavadeiras militares e drones.
O exército israelense anunciou que "neutralizou" um depósito subterrâneo que armazenava explosivos em Jenin, norte da Cisjordânia.
"Os soldados localizaram e desmantelaram duas salas de operações que pertencem a organizações terroristas da região", acrescenta um comunicado militar.
A cidade de Jenin e o campo de refugiados próximo, reduto de grupos armados palestinos, foram cenários de várias incursões israelenses recentemente.
De acordo com um balanço atualizado pelo ministério palestino da Saúde, 10 palestinos morreram e 100 ficaram feridos, 20 deles em estado grave.
"Nossas forças entraram no ninho de terroristas de Jenin. Estão destruindo centros de comando e capturando uma quantidade considerável de armas", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O ministério palestino das Relações Exteriores denunciou uma "guerra aberta contra a população de Jenin".
As ruas desertas da localidade estão repletas de escombros, pedras e barricadas improvisadas.
Os confrontos entre as forças israelenses e os palestinos provocaram na segunda-feira à noite a fuga de quase 3.000 moradores do campo de refugiados, onde vivem 18.000 palestinos, informou o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al Rub.
O exército de Israel anunciou na segunda-feira que o objetivo era atacar uma "infraestrutura terrorista" e um "centro de operações conjuntas" que serviriam como ponto de comando da "Brigada Jenin", um grupo militante local.
Diante dos ataques com drones, os palestinos atiravam pedras contra os soldados israelenses.
Também foram registrados confrontos entre soldados e homens armados em uma mesquita do campo de Jenin, segundo o exército, que revelou ter encontrado armas e explosivos no local.
- "A pior incursão em cinco anos" -
Um morador da localidade, Badr Shagul, contou que viu "escavadeiras destruindo casas no campo".
"Recebemos muitos feridos por explosivos [...] também muitos feridos de bala", afirmou Qasem Benighade, um enfermeiro de 35 anos. "É a pior incursão em cinco anos", frisou.
Os funcionários da Autoridade Palestina, que administra Jenin, anunciaram uma greve geral.
"Se mais sangue palestino for derramado, também haverá mais sangue israelense derramado", lamentou Mahmud Hawashin, morador do campo de Jenin.
"Todas as opções estão sobre a mesa para atingir o inimigo", alertou a Jihad Islâmica Palestina.
Sete pessoas morreram em junho em uma intervenção do exército no campo de refugiados de Jenin. Pouco depois, quatro israelenses foram mortos por dois palestinos perto do assentamento de Eli (norte).
No campo diplomático, a Liga Árabe convocou uma reunião de emergência para esta terça-feira.
Jordânia e Emirados Árabes Unidos, países que mantêm relações diplomáticas com Israel, criticaram a operação.
O governo dos Estados Unidos afirmou que apoia "a segurança de Israel e seu direito a defender sua população".
Desde o início do ano, a violência relacionada ao conflito israelense-palestino provocou as mortes de pelo menos 187 palestinos, 25 israelenses, uma ucraniana e um italiano, de acordo com um balanço da AFP estabelecido com base em informações divulgadas por fontes oficiais.
Y. Rousseau--BTZ