JPMorgan pagará 290 milhões de dólares a vítimas de Jeffrey Epstein
O banco americano JPMorgan Chase pagará 290 milhões de dólares (cerca de 1,47 bilhão de reais na cotação atual) às supostas vítimas do falecido financista Jeffrey Epstein, acusado de exploração sexual de menores. O acordo foi anunciado nesta segunda-feira (12) e evita um julgamento de grande repercussão midiática.
O valor, divulgado inicialmente pelo Wall Street Journal, foi confirmado à AFP por um dos advogados das vítimas, David Boies.
"As partes acreditam que este acordo é o melhor para todos, especialmente para as vítimas que sobreviveram aos terríveis abusos do senhor Epstein", afirmou um comunicado conjunto.
Em 2008, Jeffrey Epstein foi condenado por pagar garotas por massagens a pessoas de seu entorno na Flórida, mas após um acordo judicial secreto, foi sentenciado a 13 meses de prisão e se livrou de um julgamento federal.
Mais tarde, em 2019, foi acusado e preso por organizar, durante vários anos, uma rede formada por dezenas de jovens, com as quais manteve relações sexuais em suas propriedades. Suicidou-se na prisão algumas semanas depois, antes de ser julgado.
- "Acordos históricos" -
O acordo é alcançado após uma primeira bem-sucedida negociação em meados de maio, com o Deutsche Bank.
Na ocasião, foi anunciado que o banco alemão pagaria 75 milhões de dólares (cerca de 382 milhões de reais na cotação da época) para resolver um litígio, no qual o banco alemão foi acusado de se beneficiar, ao apoiar o esquema do falecido magnata.
Os advogados das vítimas alegaram que a instituição alemã permitiu que o suposto predador sexual atuasse graças aos serviços financeiros que prestou desde 2013.
O acordo foi alcançado após uma ação coletiva iniciada contra um acusado não identificado, apresentada por uma mulher também sob anonimato — aparentemente a mesma do caso do JPMorgan —, em novembro de 2022.
"Estes acordos são históricos e mudarão a vida das sobreviventes", disse Sigrid McCawley, uma das advogadas da suposta vítima.
"O dinheiro que, durante muito tempo, fluiu entre a rede de prostituição de Jeffrey Epstein e os principais bancos de Wall Street, agora tem um bom uso."
Segundo McCawley, estas decisões "indicam que as instituições financeiras têm um papel importante para identificar e deter o tráfico sexual".
- Trama complexa -
Esta resolução consensual livra o banco de uma ação civil que provavelmente teria despertado muita atenção midiática e poderia associar, com ou sem razão, a imagem do JPMorgan Chase à de Jeffrey Epstein.
O anúncio foi divulgado no dia da decisão do juiz federal Jed Rakoff, que permitiu que a demanda fosse habilitada como ação coletiva, aberta a todas as supostas vítimas de abusos sexuais cometidos por Jeffrey Epstein.
O caso chegou inclusive ao emblemático diretor-executivo do banco, Jamie Dimon, que precisou testemunhar várias vezes em maio, apesar de não estar implicado diretamente.
Os advogados das supostas vítimas haviam solicitado que o alto executivo prestasse depoimento novamente.
Um ex-executivo do JPMorgan Chase, James "Jes" Staley, está no centro da relação do banco com Epstein, de quem era amigo.
O homem, que atuou como diretor do setor de serviços 'premium' (destinados a clientes ricos e instituições), saiu do banco em 2013 e afirmou que mencionou o caso de Epstein a Dimon, que negou. JPMorgan Chase o processou em um tribunal civil.
"Qualquer associação com ele (Epstein) foi um erro e lamentamos", destacou o banco JPMorgan em nota enviada à AFP. "Nunca teríamos continuado nossa relação com ele se soubéssemos que estava usando nosso banco para facilitar crimes cruéis."
O JPMorgan também é objeto de uma ação apresentada pelo governo das Ilhas Virgens, território dos Estados Unidos no Caribe, que também o acusa de proporcionar serviços bancários a Epstein que o permitiram sustentar sua rede de prostituição.
Iniciada em 2022 por uma mulher, cuja identidade não foi revelada, a ação coletiva acusa a JPMorgan Chase de facilitar o comportamento de Jeffrey Epstein, ao permitir o financiamento de suas atividades. As acusações foram negadas pelo banco.
L. Solowjow--BTZ