Washington está otimista sobre acordo para impedir default dos EUA
Democratas e republicanos parecem estar próximos de um acordo nesta sexta-feira (26) para elevar o teto da dívida americana. A medida evita que a maior economia do mundo fique impossibilitada de honrar seus compromissos.
À medida que se aproxima da data-limite estimada pelo Tesouro, 1° de junho, na qual o Governo ficaria sem dinheiro, Washington acena com um certo otimismo de que conseguirá um acordo.
Segundo informações da imprensa confirmadas, o acordo cobrirá a dívida americana de 31 bilhões de dólares (R$ 155 bilhões) durante dois anos, o que significa que o drama atual não se repetirá antes das eleições presidenciais do ano que vem.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, disse a jornalistas na quinta-feira (25) que os negociadores haviam "feito progressos", mas acrescentou: "Nada está acordado até que tudo esteja acordado."
"Aprovamos um projeto. Ninguém mais em Washington o fez. Eleva o limite da dívida, freia nosso gasto, devolve nosso dinheiro mal gasto e libera o que está nos paralisando", acrescentou.
É cada vez maior a pressão por algum tipo de acordo que permita ao governo se endividar mais para enfrentar os compromissos existentes.
Segundo o Departamento do Tesouro, em seis dias, o governo ficaria impossibilitado de arcar com as despesas internas e com os credores estrangeiros.
Outras avaliações mais otimistas dão algumas semanas adicionais antes do cataclismo que, provavelmente, desencadearia quedas nos mercados, perdas de emprego e recessão.
Como segunda-feira é o feriado do Memorial Day, que homenageia os americanos que morreram em combate, membros do Congresso deixaram Washington por dez dias. E, para consternação dos democratas, o próprio presidente Joe Biden se dirigirá à residência oficial de descanso de Camp David e, em seguida, à sua casa em Delaware.
No entanto, Wally Adeyemo, subsecretário do Tesouro, disse à CNN que tanto Biden como McCarthy, estão focados em evitar a catástrofe.
"O presidente decidiu, o 'speaker' [McCarthy] disse: temos que conseguir algo antes de junho", assinalou Adeyemo.
"O presidente está comprometido em garantir que teremos negociações de boa-fé com os republicanos, porque a alternativa é catastrófica para todos os americanos", acrescentou.
"Não haverá default", disse Biden na quinta-feira.
- Fazer a economia de refém -
Aumentar o teto da dívida é uma manobra contábil que costuma ser aprovada sem grandes controvérsias. Simplesmente, permite ao governo seguir pedindo dinheiro emprestado para pagar dívidas já contraídas no orçamento.
Os republicanos falam de assumir a responsabilidade da dívida nacional de US$ 31 bilhões. A Casa Branca acusa a oposição republicana, que controla a Câmara dos Representantes, de fazer a economia de refém.
O líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, acusou, na quinta-feira, os republicanos de arriscarem "um perigoso default em uma crise que eles mesmos criaram".
Os economistas estão falando há meses de uma catástrofe econômica caso o governo deixe de pagar as contas. E até os altos comandos militares deram seu próprio prognóstico na quinta-feira, ao advertir que a crise teria "impacto negativo significativo" nas tropas.
"A preparação claramente se veria afetada. Assim, nossos exercícios de grande escala demorariam ou parariam em muitos casos", disse Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, a jornalistas.
McCarthy indicou que os representantes deverão voltar de urgência a Washington se um acordo for fechado para que ele seja votado na Câmara.
O líder republicano mencionou uma pesquisa da CNN publicada nesta semana, na qual 60% dos entrevistados disseram que um aumento do teto da dívida deveria estar acompanhado de cortes, ainda que 51% dos consultados em uma pesquisa da Universidade de Monmouth tenham afirmado que querem desvincular os dois temas.
"Sabemos onde estão nossas diferenças e seguiremos negociando para tentar resolver o problema", disse McCarthy.
M. Taylor--BTZ