Meta encerra abruptamente seu programa de 'fact-checking' nos EUA
A gigante das redes sociais Meta anunciou, nesta terça-feira (7), que encerrará o seu programa de fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos, uma reviravolta em suas políticas de moderação de conteúdo, que se alinha com as prioridades do futuro presidente americano, Donald Trump.
"Vamos eliminar os fact-checkers [verificadores de conteúdo] para substitui-los por notas da comunidade semelhantes às do X [antigo Twitter], começando nos Estados Unidos", escreveu nas redes sociais o fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
O diretor-executivo afirmou que "os verificadores de fatos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos".
Além disso, o executivo bilionário anunciou que os sites da Meta, incluindo o Facebook e o Instagram, "simplificariam" suas políticas de conteúdo para se livrar de "muitas restrições sobre tópicos como imigração e gênero que simplesmente não se conectam com o discurso dominante".
Atualmente, a Agence France-Presse trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook em 26 idiomas e a plataforma paga para usar as verificações de cerca de 80 organizações de todo o mundo em sua rede social, bem como no WhatsApp e no Instagram.
- Recompor a relação -
O anúncio da Meta ressalta muitas das críticas dos republicanos e do proprietário do X, Elon Musk, sobre os programas de verificação de fatos que muitos conservadores consideram censura.
O fundador da Tesla e da SpaceX, Musk, comemorou a decisão nesta terça-feira. "É legal", disse nas redes, junto com uma captura de tela de um artigo intitulado "Facebook dispensa os 'fact-checkers' em uma tentativa de 'restaurar' a liberdade de expressão".
Zuckerberg anunciou, ainda, que substituirá o serviço "por notas comunitárias similares às do X". Ele argumentou que "as eleições recentes [de 5 de novembro] parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão".
Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores.
O magnata republicano foi expulso do Facebook depois que seus partidários invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em Washington, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu sua conta no início de 2023.
- Gestos corporativos -
Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em novembro, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após sua vitória eleitoral.
Outro gesto recente de Zuckerberg para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do partido republicano, para chefiar os assuntos públicos da Meta, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.
"Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na 'cadeia do Facebook'", disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo "foi longe demais".
Zuckerberg também nomeou Dana White, diretor do Ultimate Fighting Championship (UFC), um aliado próximo de Trump, para a diretoria da Meta.
Como parte da reestruturação, a Meta disse que transferirá suas equipes de confiança e segurança da Califórnia (oeste), onde as opiniões liberais são generalizadas, para o Texas (sul), um estado mais conservador.
"Isso nos ajudará a criar confiança para fazer esse trabalho em lugares onde há menos preocupação com os preconceitos de nossas equipes", disse Zuckerberg.
K. Petersen--BTZ