Escritor franco-venezuelano Miguel Bonnefoy recebe prêmio Femina em Paris
O escritor franco-venezuelano Miguel Bonnefoy conquistou, nesta terça-feira (5), o prêmio Femina de romance com "Le rêve du jaguar”, que já havia sido agraciado com o Grande Prêmio de Romance da Academia Francesa em outubro.
"É um prêmio que esperei por dez anos", declarou o vencedor no Museu Carnavalet de Paris, onde o anúncio foi feito.
O prêmio Femina é concedido por um júri exclusivamente feminino. Nasceu em 1904 em oposição à mais importante premiação da língua francesa, o Goncourt, que na época privilegiava os escritores masculinos.
Publicado pela editora Rivages, "Le rêve du jaguar " narra uma saga familiar entre a América do Sul e a França, seguindo a linha de outras obras deste autor de 37 anos.
Filho de uma diplomata venezuelana e de um escritor chileno, Miguel Bonnefoy é uma voz jovem na literatura francesa, com oito livros publicados desde 2012, vários deles premiados, além de um livro em italiano (2009).
"Le rêve du jaguar” levou o Femina com cinco votos, contra quatro de Emma Becker com "Le Mal joli".
Bonnefoy já havia sido finalista do Femina em 2017 por seu romance "Sucre noir" e em 2013 recebeu o prêmio de melhor escritor novato em francês por "Icare et autres nouvelles".
"Heritage” recebeu em 2021 o prêmio dos escritores franceses, sendo um de seus sucessos editoriais.
Sua obra bebe do realismo mágico e também de sua herança familiar, com romances ambientados na Venezuela, Caribe ou Chile.
- Prêmio para Alia Trabucco -
Outra escritora sul-americana foi premiada com o Femina de romance estrangeiro: a chilena de origem palestina Alia Trabucco Zerán, por "Limpa".
Filha do cineasta Sergio Trabucco, esta escritora narra a história de uma mulher que trabalha como empregada doméstica de um abastado casal de Santiago.
"É uma honra que 'Limpa' seja o primeiro romance latino-americano a obter o prêmio Femina estrangeiro", declarou a autora no evento realizado no Museu Carnavalet.
"Trata-se de um livro que se questiona, entre outras coisas, quem tem direito a uma voz e quais vozes são silenciadas", acrescentou em espanhol.
Alia Trabucco é formada em Direito e atuou como advogada especializada em direitos humanos ao mesmo tempo em que iniciou sua carreira literária.
Também foi concedido um prêmio especial ao irlandês Colm Toibin por "Long Island".
L. Pchartschoy--BTZ