Curta brasileiro em Cannes denuncia discriminação contra a comunidade japonesa
O filme "Amarela", de André Hayato Saito, que disputa a Palma de Ouro dos curtas-metragens em Cannes, mostra a comunidade japonesa no Brasil e os ataques racistas sofridos por este grupo.
A história mostra Erika, uma adolescente de origem japonesa que torce para a Seleção Brasileira de futebol. Sua família administra um grande bazar e mantém as tradições nipônicas em casa.
No dia da final da Copa do Mundo entre Brasil e França, o país vive a expectativa da partida. Erika se reúne com os amigos para assistir a decisão, mas, em um cenário de tensão, ela começa a ser insultada por sua origem japonesa.
Quase dois milhões japoneses e seus descendentes vivem no Brasil, a maior comunidade dos 'nikkei' (a diáspora nipônica) fora do arquipélago.
Os primeiros migrantes chegaram no início do século XX, em busca de melhores condições de vida. Eles conseguiram a integração, mas o caminho foi difícil e enfrentaram preconceitos, como as campanhas contra um suposto "perigo amarelo" durante a década de 1930.
"Muito japonês para ser brasileiro, muito brasileiro para ser japonês. A busca por uma identidade que se encaixe entre dois lugares se tornou a parte mais sólida de quem eu sou", disse André Hayato Saito, que é nipo-brasileiro.
A história de Erika oscila "entre suas raízes e sua realidade", acrescentou. "Vivendo em uma fronteira invisível entre duas culturas, ela enfrenta a pressão silenciosa dos seus pais, o assédio dos amigos e o sexismo que flui de ambas as culturas".
"Amarela" é o terceiro curta-metragem de uma trilogia que explora a herança japonesa do diretor com um olhar intimista.
Onze curtas-metragens disputam a Palma de Ouro. O prêmio será anunciado na cerimônia de encerramento do festival, no sábado.
L. Pchartschoy--BTZ