Trump se defende em julgamento com limitações impostas por juiz
Três perguntas, menos de cinco minutos: Donald Trump se defendeu, nesta quinta-feira (25), no processo por difamação movido contra ele pela escritora E. Jean Carroll, mas sua liberdade de expressão foi estritamente limitada pelo juiz, para evitar qualquer deslize verbal.
O ex-presidente, de 77 anos, que esteve em diversas audiências desde que o julgamento começou, no último dia 16, retornou hoje ao tribunal com ares de vencedor, após a vitória contundente que obteve nos estados de Iowa e New Hampshire na disputa interna do Partido Republicano para a indicação presidencial.
Após negociações tensas entre o juiz de instrução, Lewis Kaplan, e sua advogada Alina Habba, Trump, frustrado, foi autorizado apenas a responder "sim" ou "não" às três perguntas de sua advogada. O objetivo do juiz foi evitar que ele pudesse usar seu depoimento para atacar E. Jean Carroll, que estava diante dele, como costuma fazer nas redes sociais e em entrevistas coletivas.
Com um simples "sim", Trump confirmou que deu as declarações que estão no centro da denúncia, em junho de 2019, para se defender das acusações de estupro que Carroll tornava públicas pela primeira vez em um livro.
“Diz algo que considero falso", continuou o ex-presidente ao responder a uma pergunta, e foi interrompido por Kaplan.
- 'Baixe a voz'
"Senhor Trump, baixe a voz", havia pedido o juiz ao ex-presidente pouco antes.
O interrogatório de Carroll também foi breve, e Trump balançava a cabeça, expressando decepção. "Isto não são os Estados Unidos", protestou, ao deixar a sala.
A escritora e jornalista E. Jean Carroll, 80 anos, reivindica uma indenização de 10 milhões de dólares (cerca de R$ 49 milhões) do republicano por tê-la difamado após a publicação do livro e de um artigo em 2019 em que contava que Trump a havia estuprado no provador de uma loja de departamentos na década de 1990.
Em maio passado, um júri considerou o magnata culpado de agressão sexual e difamação e o condenou a pagar à ex-colunista da revista Elle 5 milhões de dólares (cerca de R$ 24 milhões, na cotação atual), uma decisão da qual Trump recorreu.
Neste segundo julgamento, um júri anônimo, formado por sete homens e duas mulheres que respondem a um número, pois seus nomes sequer podem ser conhecidos entre eles mesmos, terá que determinar se as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos constituem difamação.
- 'Louca' -
Trump, que costuma chamar Carroll de "louca" e "doente", afirmou, no primeiro julgamento, que a jornalista não fazia seu o seu tipo e havia criado a história do estupro para "vender seu novo livro". "Destruiu a minha reputação", disse a escritora no julgamento.
Em sua plataforma, Truth Social, Donald Trump lançou na noite de ontem 37 tiradas contra a sua denunciante. O magnata repete que jamais a havia visto, apesar de, no primeiro julgamento, a defesa de Carroll ter apresentado uma foto em que os dois aparecem sorridentes, com seus respectivos companheiros da época.
O julgamento deve terminar amanhã, com os argumentos finais, antes de o júri se retirar para deliberar.
Essa é uma das muitas frentes judiciais que o ex-presidente deve enfrentar em plena corrida eleitoral. Trump considera que esses processos são parte de uma "caça às bruxas" para evitar seu retorno à Casa Branca.
Sobre o ex-presidente pesam 91 acusações penais em diversos tribunais, a maioria relacionada com suas tentativas de permanecer no poder após as eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden, um triunfo que ele insiste em não reconhecer.
S. Soerensen--BTZ