Crianças raptadas de abrigo por membros de seita judaica na Guatemala são recuperadas
As autoridades guatemaltecas recuperaram, nesta segunda-feira (23), várias crianças raptadas por membros da seita judaica Lev Tahor de um abrigo, após uma batida na fazenda do grupo ultraortodoxo, que está sendo investigado por supostos abusos sexuais de menores.
Em meio a brigas com membros adultos da seita, polícia e funcionários do abrigo recuperaram as crianças na madrugada de segunda-feira, observou um fotógrafo da AFP.
Os menores estavam com membros adultos do Lev Tahor em uma rua próxima ao abrigo da capital, de onde foram retiradas no domingo.
Elas fazem parte de um grupo de 160 crianças e adolescentes resgatados pelas autoridades na sexta-feira em uma batida na fazenda da seita no município de Oratorio, cerca de 60 quilômetros a sudeste da Cidade da Guatemala, como parte de uma investigação sobre casos de gravidez forçada, estupro e abusos, de acordo com a Promotoria.
A Procuradoria-Geral da Nação (PGN), encarregada da proteção dos menores, indicou que um juiz "ordenou a transferência das crianças e adolescentes" para um "juizado" para "prosseguir com a promoção de medidas de proteção em seu favor".
"Tudo foi realizado sob o enfoque dos direitos humanos", afirmou a PGN em comunicado, sem especificar o número de crianças. Posteriormente, elas foram devolvidas ao abrigo onde estavam desde sexta-feira.
A seita judaica Lev Tahor foi alvo das autoridades guatemaltecas devido a denúncias de abuso de crianças, casamentos forçados e casos de gravidez na adolescência.
Em outubro, as autoridades invadiram a fazenda para verificar a condição das crianças depois de uma tentativa fracassada em agosto, mas os líderes da seita novamente impediram que eles conversassem com elas.
A seita, que classificou as investigações como "perseguição religiosa" e baseada em "denúncias falsas", se instalou em Oratorio em 2016, após ter sido expulsa de um povoado maia em 2014 por conflitos com os locais e de ter se estabelecido temporariamente em um edifício da capital guatemalteca.
A Lev Tahor foi criada nos anos 1980 e seus membros, que vestem túnicas escuras e praticam uma versão ultraortodoxa do judaísmo, se estabeleceram na Guatemala em 2013.
As autoridades estimam que o grupo seja formado por 50 famílias, principalmente de Guatemala, Estados Unidos e Canadá.
I. Johansson--BTZ