Talibãs afirmam que proibição a afegãs de trabalhar na ONU é assunto 'interno'
A proibição às mulheres afegãs de trabalhar para as Nações Unidas é um "assunto social interno", afirmou, nesta sexta (28), o governo talibã afegão, após o Conselho de Segurança da ONU pedir para "reverter rapidamente" essa medida.
"Conforme as leis internacionais (...) de respeitar as opções soberanas do Afeganistão, se trata de um assunto social interno, sem impacto sobre os Estados estrangeiros", afirmou o Ministério afegão das Relações Exteriores em um comunicado.
"Seguimos comprometidos em garantir todos seus direitos às mulheres afegãs, ao mesmo tempo que destacamos que a diversidade [de opiniões] deve ser respeitada e não politizada", acrescentou.
A resolução adotada por unanimidade dos 15 membros do Conselho e copatrocinada por 90 Estados-membros da ONU "condena a decisão tomada pelos talibãs de proibir as mulheres afegãs de trabalhar para as Nações Unidas no Afeganistão".
Segundo o organismo, a decisão adotada em abril "compromete os direitos humanos e os princípios humanitários".
O conselho "pede para os talibãs reverterem rapidamente as políticas e as práticas que restringem em pleno exercício" dos "direitos humanos e liberdades fundamentais" das mulheres e meninas, "em particular enquanto ao seu acesso à educação e ao emprego, sua liberdade de circulação e a participação plena, igualitária e verdadeira das mulheres na vida pública".
Também "pede" a "todos os Estados e organizações políticas a usarem sua influência (...) para promover a anulação urgente dessas políticas e práticas".
Após o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021, Washington congelou 7 bilhões de dólares (35,06 bilhões de reais) em ativos do Banco Central afegão depositados nos EUA.
Os talibãs voltaram a impôr a interpretação rígida do islã que aplicaram durante seu primeiro governo (1996-2001) e multiplicaram as restrições para as mulheres. Essas foram excluídas da educação secundária e universitária e as proibiu de exercer inúmeros empregos públicos.
Também não têm direito de entrar em parques, jardins, academias e banheiros públicos, viajar sem a companhia de um parente homem e devem cobrir o rosto para sair de suas casas.
A. Bogdanow--BTZ