Chefe da UE promete pacto verde equitativo e defende adesão da Ucrânia
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu nesta quarta-feira (13) um Acordo Verde "justo e equitativo", uma nova estratégia para a África e voltou a defender a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).
No último discurso deste tipo em seu mandato e a nove meses das eleições europeias, Von der Leyen defendeu energicamente sua gestão e assegurou que conseguiu cumprir mais de 90% das prioridades estabelecidas ao chegar ao cargo.
Apesar disto, o Acordo Verde continua gerando tensões com os produtores agrícolas e até dentro de seu próprio grupo político, o conservador Partido Popular Europeu (PPE).
O plano propõe reduzir drasticamente as emissões de carbono no continente, embora aumentem as queixas pela alegada "carga administrativa" para empresas e agricultores.
Dividido em capítulos como os que se referem à restauração da natureza ou regulamentação dos pesticidas, o processo não avançou no ritmo que Von der Leyen esperava.
Ainda assim, seu discurso de 20 páginas (com trechos em inglês, francês e alemão) omitiu qualquer pista sobre seu futuro político, em meio às crescentes especulações sobre se aspira ou não a um segundo mandato.
Ao contrário do mesmo discurso pronunciado há um ano, a Ucrânia não foi o foco central de sua apresentação nesta quarta-feira, embora tenha destacado os "grandes progressos" desse país em suas aspirações para aderir à UE.
Para Von der Leyen, o futuro da Ucrânia "está dentro da UE", embora geralmente o processo de adesão ao bloco obrigue seus interessados a negociar por muitos anos, inclusive mais de uma década.
No outono no hemisfério norte, a Comissão deverá apresentar recomendações para as negociações sobre a adesão à Ucrânia e Moldávia, embora outros cinco países do Bálcãs aguardem pacientemente na fila.
Em sua opinião, a UE deve estar pronta para ampliar seu número de países-membros mas sem modificar seus tratados.
"Não podemos esperar a modificação dos tratados para avançar rumo à ampliação", disse.
- Inflação baixa "tomará tempo" -
Entre os projetos em andamento, a delicada reforma das normas orçamentárias europeias é objeto de intensos debates, assim como a espinhosa reforma da política migratória.
"Vamos mostrar que a Europa pode administrar a migração de forma eficaz e compassiva. Vamos concluir o trabalho!", instou, em um chamado a concluir as difíceis negociações sobre o sistema de migração e asilo.
Parte do discurso de Von der Leyen focou a conjuntura econômica e admitiu que o retorno a um cenário de inflação baixa não ocorrerá de imediato.
O Banco Central Europeu (BCE) traçou como meta uma inflação em torno de 2% ao ano, mas em agosto registrou 5,3% nos países que usam o euro.
Por isso, disse Von der Leyen, o retorno a 2% "levará tempo".
Além disso, adiantou que a UE tomará a iniciativa de investigar os subsídios chineses aos automóveis elétricos.
O assunto é de extrema sensibilidade para a UE, em parte porque ainda tenta definir um nível de diálogo com a China e porque o bloco já decidiu encerrar a produção de carros com motor a combustão interna nas próximas décadas.
"Os mercados mundiais estão agora tomados por carros elétricos chineses baratos. Seus preços se mantêm artificialmente baixos devido a altos subsídios estatais", disse ao anunciar a abertura de uma investigação.
Von der leyen chegou à presidência da Comissão no final de 2019 e rapidamente precisou enfrentar uma grande crise, desatada pela pandemia de coronavírus.
Desde que assumiu o posto, impulsionou um grande plano de recuperação econômica para a UE e centralizou a compra de vacinas, para que o bloco enfrentasse a pandemia. Pouco depois do fim da crise da covid, se deparou com o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Ex-ministra alemã da Defesa, seu nome também chegou a ser mencionado entre os possíveis candidatos a substituir Jens Stoltenberg, que deixará seu cargo na Otan em outubro de 2024.
L. Solowjow--BTZ